elho conhecido do público, o outdoor é uma plataforma de marketing que vem perdendo espaço nos grandes centros urbanos, especialmente em São Paulo, desde que foi aprovada a lei Cidade Limpa, em 2006, que baniu para sempre o formato na capital paulistana. A perda da relevância tem um vilão certo, com nome e sobrenome: marketing digital. Enquanto a maioria das marcas aposta no on-line para comunicar suas novidades, percebemos que essa perda de relevância não é bem verdade quando andamos pelas periferias das grandes cidades ou o interior do Brasil, onde fica claro que os outdoors não são apenas ainda muito utilizados, mas também uma importante ferramenta na cultura do comunicar dessas áreas.
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E, se eles carregam anúncios publicitários, por que não poderiam ir além? Com a ideia de utilizar os outdoors como plataforma de desdobramento da arte, a curadora independente Patricia Wagner se uniu à Camilla Barella e Cecilia Tanure, cabeças da VIVA Projects, agência de conteúdo, projetos e consultoria em torno da arte contemporânea, e juntas criaram o projeto M.A.P.A. – Modos de Ação para Propagar Arte. O convite veio em 2020, no auge da pandemia, e a proposta era ambiciosa: ocupa 27 outdoors, nas 27 capitais brasileiras, com o trabalho de 27 artistas de linguagens múltiplas, subvertendo a lógica do comércio, da propaganda e do palanque eleitoral, que faz uso frequente dessa mídia, para capturar o olhar do público desprevenido em suas rotinas na cidade, fazendo da rua um espaço de ação e resistência. (Em caráter de exceção, devido à Lei Cidade Limpa, em São Paulo a obra foi exposta no município do Osasco)
Atualmente em sua 2ª edição com a mostra Horizontes Moventes, entre agosto e outubro de 2022, o projeto rompeu fronteiras geográficas levando arte para o espaço público através das obras de artistas relevantes, atuantes nas mais diversas áreas da cultura numa extensão que transborda as fronteiras e se desdobra em experiências poéticas singulares concebidas para o espaço público.
“Nesse momento em que o desmonte e o desprestígio pelo qual passa a produção cultural desestabilizam as estruturas de apoio a ela, entendemos ser responsabilidade dos agentes da cultura criar formas criativas de driblar os interesses desarticuladores”
Patricia Wagner
Entre os nomes que participam da atual edição, Adriana Calcanhoto, Ana Lira, , André Dahmer, Anna Bella Geiger, Antonio Obá, Ayrson Heráclito, Carlos Vergara, Carlos Zilio, Carmela Gross, Carmézia Emiliano, Castiel Vitorino Brasileiro, Érica Ferrari, Gustavo Caboco, Guy Veloso, Hudinilson Jr., Ícaro Lira, Jonathas de Andrade, Juliana dos Santos, Laura Belém, Maré de Matos, Neide Sá, Rafael Bqueer, Regina Silveira, Rivane Neuenschwander, Virginia de Medeiros, Walter Carvalho e Yhuri Cruz.
A mostra foi dividida em 4 ciclos, começando em 6 cidades, exibidas em conjunto durante 14 dias, completando o total de 27 cidades. Abaixo, você confere nosso papo com Patricia Wagner, curadora do projeto.