Brasil. País em que 56% da população é preta ou parda, mas que ainda considera os negros como um grupo minoritário. O que explica uma hegemonia branca por aqui, a não ser a autoimposição? Somos uma nação construída sobre sangue negro, com um histórico perverso de escravidão e colonialismo que nunca superamos de verdade.
Se em algum momento no início desse século houve a impressão de que essa situação poderia mudar, a política e a sociedade hegemônica reagiram brutalmente nos últimos anos, agindo em prol de um retrocesso que jogou os indicadores de desigualdade sociais em níveis alarmantes. Hoje, 75% de todas as mortes que acontecem em ações policiais no Brasil são de negros. A cada 23 minutos, um jovem negro é morto no país. A renda média de uma mulher preta não chega aos R$ 1.500.
Mesmo em um contexto tão cruel, ainda há esperanças. A eleição de Jair Bolsonaro e de toda uma leva de conservadores causou na sociedade uma reação de mesma força e sentido inverso, assim como é uma das leis físicas da termodinâmica, e agora, mais do que nunca, os negros se tornaram voz ativa na sociedade, em busca de um pouco mais de justiça. Se 2020 foi o ano da morte do norte-americano George Floyd e do nascimento do movimento Black Lives Matter, aqui na Elástica não faltaram exemplos de luta, de glória e de exaltação. Você confere um pouco dessas histórias a partir de agora.
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Quando deuses passam dias entre nós
Estreamos a Elástica, em 1º de junho, com um ensaio visual feito por um artista que admiramos muito. Maquiador e performer, Alma Negrot tem revolucionado a noite paulistana com suas aparições eletrizantes, customizações que reinterpretam os mais diversos da cultura pop. Aqui, convidamos Alma Negrot para pensar em divindades belas e profanas, uma reflexão sobre o mundano.
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Fala na cara!
Mulher, negra, bissexual, mãe solo, funkeira de proibidão. A carioca MC Rebecca é um fenômeno da música brasileira, uma cantora que transita por espaços marginais enquanto busca seu lugar ao sol. Em pleno início da pandemia da covid-19, conversamos com ela sobre trabalho e sexo.
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“Precisava o George Floyd morrer para lançarem um band-aid preto?”
Dermatologista de sucesso, e agora um dos apresentadores do novo Queer Eye Brasil, Fred Nicácio sempre foi um ativista da beleza negra e da representatividade dos corpos pretos. Acreditando que é possível vencer o racismo através da imagem, ele falou sobre medicina e sociedade nessa entrevista.
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A música eletrônica é negra
Assim como o rock ‘n’ roll, que teve suas origens negras apagadas quando o gênero musical se tornou um sucesso, a house music tem suas origens dentro de guetos nos Estados Unidos. Uma derivação da disco e do soul, a house hoje é um dos estilos mais lucrativos do planeta. Aqui no Brasil, alguns coletivos e artistas tentam resgatar essa identidade. Nós conversamos com eles.
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![Clarice-Lispector-e-Carolina-Maria-de-Jesus,-duas-escritoras-que-se-admiravam-mutuamente-(Fotógrafo-não-identificado_Acervo-Clarice-Lispector_Instituto-Moreira-Salles) Clarice Lispector e Carolina Maria de Jesus, duas escritoras que se admiravam mutuamente](https://gutenberg.elastica.abril.com.br/wp-content/uploads/2020/09/Clarice-Lispector-e-Carolina-Maria-de-Jesus-duas-escritoras-que-se-admiravam-mutuamente-Fotógrafo-não-identificado_Acervo-Clarice-Lispector_Instituto-Moreira-Salles.jpg?quality=70&strip=info)
O (novo) renascimento de Carolina Maria de Jesus
Uma das maiores autoras da literatura nacional, Carolina Maria de Jesus é também uma das escritoras menos exaltadas por aqui. 60 anos após o lançamento do livro autobiográfico “Quarto de Despejo”, sua obra retorna à luz com relançamentos, enquanto seu legado é ressignificado para os novos tempos.
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![Mãe-do-Corpo -](https://gutenberg.elastica.abril.com.br/wp-content/uploads/2020/09/Mãe-do-Corpo.jpg?quality=70&strip=info)
Hahnemann para uma nova geração
Havia, no final dos anos 1960, um jovem extremamente promissor nas artes em Manaus. Considerado o Gaugain da Amazônia, Hahnemann Bacelar morreu de maneira misteriosa e brutal em 1971, e sua história não foi contada desde então. Até agora.
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Hélio Menezes como fruto de seu tempo
Responsável pela curadoria do Ciclo Afro-Atlântico, realizado pelo Museu de Arte de São Paulo (MASP) em 2018, Hélio Menezes tem como trabalho recuperar memórias e raízes a fim de reescrever a história dos negros no mundo ocidental.
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![054PB—Crédito-Rodrigo-Stutz -](https://gutenberg.elastica.abril.com.br/wp-content/uploads/2020/09/054PB-Crédito-Rodrigo-Stutz.jpg?quality=70&strip=info)
Um brasileiro preto no Emmy (pela segunda vez)
Na pele de Evandro do Dendê, o ator carioca Raphael Logam vem colocando em pauta todas as nuances do que é viver como um homem preto marginalizado no Brasil. O sucesso da série “Impuros” lhe colocou na disputa pelo Emmy Internacional pela segunda vez consecutiva agora em 2020. Nós conversamos com ele.
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Ser um homem negro no Brasil
O que é, afinal, ser um homem preto no Brasil? No país que ainda hiperssexualiza seus corpos e espera que o sucesso venha através dos esportes ou da música, convidamos cinco caras para falar sobre quebras de preconceito e impor uma nova masculinidade a todos nós.