Ventos que trazem revoluções

Vivemos tempos de mudanças. Nossas vidas pessoais foram abaladas por uma pandemia, nosso país vive um de seus embates mais violentos – uma luta entre um conservadorismo atrasado e uma vontade explosiva de progresso -, nossas próprias existências são colocadas em xeque por quem acredita que poder é passe livre para fiscalizar, ordenar, moralizar os raios de luz que estão dentro de todos nós.

No meio disso tudo, há a nossa profissão, o jornalismo. A arte de contar histórias tem sido desmoralizada por aqueles que tentam manipular a verdade em favor do caos completo. Perdemos crédito perante a sociedade, que nos julga cada vez menos relevantes, mas nosso espírito continua o mesmo: combater com verdade e amor.

Continua após a publicidade

contorcionismo

maiô e brinco JALACONDA
capa WALÉRIO ARAÚJO

contorcionista

Quando começamos a pensar na Elástica, há exatos dois anos, havia um desafio de ressignificar a importância de um farol tão importante da comunicação brasileira, a Abril. A ideia era colocar em um liquidificador todas as boas práticas do jornalismo – ética, respeito, qualidade – e transformá-las em um movimento explosivo de progresso em busca de um Brasil melhor. Melhor pra todo mundo, não só pra quem costuma se beneficiar do progresso e quem já tem um lugar na mesa. A ideia sempre foi trazer todo mundo para construir junto, falar do que a gente não costuma ler por aí.

Continua após a publicidade

parka, top e legging ANOTHER PLACE
óculos RALPH LAUREN para LUXOTTICA

De lá para cá, tanto aconteceu. Esse ensaio é uma homenagem a um tempo que já foi, os primeiros 71 anos de uma empresa que ditou tendências e jogou verdades incômodas em linhas lidas por todos os brasileiros. Depois que seu icônico prédio foi vendido, no finalzinho do primeiro semestre de 2021, nós invadimos as instalações já vazias para ritualizá-lo em uma cerimônia de agradecimento, de despedida, de abertura de caminhos para os novos tempos.

blazer e vestido NORMANDO

Estar em um prédio vazio que já recebeu tantos talentos, jornalistas premiados, furos de reportagem e capas icônicas é, sem dúvida, um privilégio. Fotografar em um acervo que contém reportagens censuradas pela ditadura que nunca encontraram os olhos do público é único – e um lembrete de que a liberdade da qual gozamos está sempre sob ameaça, especialmente agora. Passear por andares vazios e ver etiquetas coladas nas mesas com os nomes dos veículos que estão debaixo do mesmo guarda-chuva que a gente tem seu quê de melancolia. Mas trazer uma contorcionista vestida de roupas brasileiras, coloridas e poderosas para ressignificar esse vazio é um abraço.

Acreditamos que a vida tem que ser encarada com leveza, que é preciso usar a potência de nossos corpos para dançar pelos momentos bons e desviar dos momentos ruins. Nos contorcemos, nos esticamos, nos esprememos pelas frestas, estampamos sorrisos e expressões de força e certeza em nossos rostos, batemos em nossos peitos com orgulho enquanto afirmamos:

Nós somos o futuro

vestido ELIAS KALEB

Contorcionistas

Não há nada que possa nos dizer o contrário. Podem tentar, mas apenas os alienados ainda insistem que o cenário atual das coisas é o melhor que podemos extrair da vida. Não é. Nunca será.

Estique-se, alongue-se, respire. Tenha certeza daquilo que você representa nesse planeta. Venha conosco, sempre. Esse ensaio e tudo o que fazemos é para vocês.